Quero tanto partilhar com alguém a agradável surpresa que ele tem revelado ser na minha vida, e sei que contigo, querido blog, o poderei fazer, sem quaisquer consequências. Mas escrever sobre ele torna-se quase impossível, uma vez que é ele próprio o principal motivo da minha ausência à solidão que esta coisa da internet se pode vir a revelar. Portanto, perdoa-me por não partilhar contigo cada segundo de felicidade ou a carência de preocupações que ele me traz.
Faz lembrar um cavalheiro tirado de um filme antigo, com os seus defeitos, na sua qualidade de ser humano e, deste modo, com o seu passado também. Mas, oh santa honestidade! E se não fosse por este atributo essencial, eu já não estaria hoje aqui a falar sobre ele. É qualquer coisa de fenomenal a forma como já aprendi a confiar nele e a amizade que já partilhamos, como se nos tivessemos conhecido a vida toda. Seja num hall de entrada de qualquer sítio estupidamente superlotado de gente (que nos é) alheia, às 23h à porta da minha casa ou sentados a terminar mais uma tarde... Podíamos aí ficar um dia inteiro, quem sabe até o próximo se nos fosse concedido, ou até mesmo uma semana a conversar sobre tudo o que a vida nos trouxe e ficou e até o que já se foi, sobre os seus irmãos, histórias embaraçosas da nossa infância e às vezes, por entre olhares envergonhados, do nosso derradeiro futuro. Fala e trata de tudo com uma delicadeza notável e reconheço para mim própria, a cada dia que passa, que todos os elogios que lhe são feitos são milimetricamente merecidos.
Existem momentos e pessoas, que nos parecem tão perfeitas, quase surreais, que a experiência nos obriga a duvidar - e eu duvido, talvez demasiado, porque tiraram-me a capacidade de ser ingénua. Mas no seu fundo, ele sabe que é isto que me prende, que me impede de correr riscos, por isso não me julga, nem desiste, limita-se a esperar. E no final do dia, quando a capa de super-herói cai e ele se torna transparente, ali mesmo, à minha frente... Se ao menos todas as outras pessoas conseguissem ver nele o que eu vejo.
bonjour amélie